No polêmico borderô de Flamengo 2 x 1 Bangu, na primeira rodada do Campeonato Carioca, no Maracanã, notou-se descontos estratosféricos que acabaram dando ao mandante do jogo ínfimos R$ 18.884,90 de uma renda de R$ 1.648,937,24. Que o Brasil é o país das taxas todos sabem e algumas são escondidas no meio das contas. Uma delas foi o desconto para a ACERJ, Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro. Foram míseros R$ 171,72, mas nem deviam estar lá, na minha opinião. Em outros jogos deve ser maior. Felizmente aqui em São Paulo acabamos com isso. E foi uma longa história.
A Federação Paulista de Futebol repassava para a ACEESP (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo) até 2004, 0,25% da arrecadação do Campeonato Paulista. Muitos achavam que eram 25%, mas na verdade eram 0,25%, que davam ao final do torneio cerca de 35 a 40 mil reais, se tanto, mas não interessa, não era dinheiro nosso. Não era moral receber essa grana.
Ocorre que era uma lei antiga que beneficiava a ACEESP homologada pela Câmara dos Vereadores. Fizemos muitas reuniões para pedir a revogação da Lei. Em algumas reuniões de diretoria, alguns companheiros achavam que então deveríamos dar essa quantia para uma casa de Caridade, mas sempre a questão era: Esse dinheiro não é nosso, não temos direito a ele só porque é lei, temos que revogar isso rapidamente.
E como fazer? O então presidente Mário Marinho, um dos melhores que a ACEESP já teve, visitou vários gabinetes de vereadores, falou com a Prefeitura para avisar que a entidade estava abrindo mão dessa contribuição. Mas para isso era preciso revogar a lei e isso só ocorreu já no finalzinho da gestão do Marinho, depois de muitas idas e vindas. A homologação oficial da revogação só saiu no início do ano seguinte quando ele não era mais presidente, os louros da empreitada acabaram caindo no colo da gestão posterior, mas essa foi uma árdua luta do senhor Mário Marinho.
Por que eu sei disso? Porque eu era o vice-presidente da ACEESP na ocasião, vi de perto e participei algumas vezes dessas “negociações” e era engraçado algumas pessoas dizendo, mas porque vocês não querem o dinheiro? Porque não é nosso, não é ético. Duvido que essas somas fizeram muito falta a FPF, ou aos clubes, mas não tem nada a ver. Espero que no Rio de Janeiro os companheiros também tomem ciência disso. Em outras capitais também há esse velho costume.
Acho que a Imprensa não pode receber dinheiro de jogo nenhum. Perde a isenção e com o tempo perde a vergonha.
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