O bom senso nunca apontaria o Botafogo como favorito ao título da série B do Brasileiro. Em profunda crise financeira, só superada pelo Cruzeiro, a ponto de dirigentes do clube lamentarem falta de dinheiro para bolas e contas básicas durante a temporada, tudo indicava sofrimento. Porém, a velha máxima “só acontece com o Botafogo”, nunca pode ser desprezada. A virada veio com a contratação de Enderson Moreira ( Foto - @Botafogo/VitorSilva ). Ele foi o condutor de um elenco pouco confiável quer quebrou paradigmas e terminou voltando a elite nacional com o merecido título de campeão da série B.
Impossível não reconhecer o trabalho do treinador. Ele ganhou a competição três vezes (Goiás/2012, América MG/2017 e agora com o Botafogo). No Goiás venceu com folga, no América MG superou o Internacional com um elenco mais fraco. Já no Botafogo, pegou um elenco inferior ao rival Vasco e nadou de braçadas, até goleando o rival em São Januário. Fez história com jogadores da base como Rafael Navarro, Kanu e contratações baratas de times menores como Chay (Portuguesa RJ), Diego Gonçalves, Oyama e Daniel Borges (Mirassol), jogadores do Tombense e veteranos como Carli e Rafael Moura.
Foi uma arrancada digna de nota. Enderson pegou o Botafogo na 13ª rodada com aproveitamento baixo e entregou o título após 25 jogos e 74 % dos pontos conquistados. Ele não achou um time fantástico. Na verdade, ele montou um jeito de jogar com as peças que teve nas mãos. Coisas que só acontecem no Botafogo. O torcedor sabe que não dá para sonhar alto com o elenco atual. Para conseguir se manter na elite serão necessários reforços e a situação financeira, nem de longe, está solucionada.
Enderson Moreira é bom treinador, mas não é alquimista. Não vai transformar o elenco atual em ouro. O pior do trabalho começa agora. Manter uma base, dispensar alguns jogadores/veteranos e com o mesmo orçamento garimpar reforços para não deixar cair a peteca. Isso em meio à empolgação de uma torcida carente de alegrias e de uma diretoria mergulhada em problemas financeiros.
Melhorou muito. O Botafogo terá mais dinheiro, começa a Copa do Brasil numa fase mais lucrativa por ser campeão da série B e sonhar nunca foi proibido. Nem precisa ser vidente para prever um 2022 mais difícil do que 2021. O Botafogo tem história e camisa pesada. Das três vezes que foi rebaixado, voltou duas vezes campeão. O improvável é uma marca do clube. Tudo acontece ao Botafogo, de bom e de ruim. Uma máxima que já está ligada a história do clube.
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