Lá na minha Piracicaba os caipiras têm muitos ditados ditos como certos. Um deles sempre repetido: "Sabe por que Deus não deu asa à cobra? Porque rastejando ela já te mata, imagine se voasse". Isso reflete várias situações da vida. Estão dando muito poder aos árbitros, que embora sejam a autoridade do jogo, não passam de meros mediadores da partida. Estão exorbitando de suas funções. Não são juízes togados e nem teriam essa competência. Nem por vivência e nem por estudo.
Não bastasse a fase calamitosa que nos encontramos quanto a interpretação de jogadas simples mesmo com ajuda do VAR, agora querem também estabelecer regra de comportamento para festejar um gol, para se comunicar e até para driblar. O que eles pensam que são? São apenas coadjuvantes do espetáculo. Devem aparecer o menos possível e não se meter com os jogadores ou com o jogo. Estão mais preocupados em defender sua pretensa honra de "magistrado" do que em deixar o jogo acontecer. Menos, gente, bem menos, por favor.
Há poucos dias um árbitro na Europa expulsou um goleiro porque na cobrança de pênalti ele dançou em cima da linha. E, daí? Se quisesse ficar de costas era um direito dele. Não tem que se meter. Só poderia ser punido se saísse antes da cobrança ou ofendesse o adversário, mas o árbitro considerou desrespeito. Desrespeito a quem? A mãe dele?
Neymar levou um cartão absurdo porque comemorou um gol. Não pode? Tem que pedir licença para extravasar sua felicidade no momento mais alegre do futebol? Ah, mas e o adversário? Bom, o adversário que não deixe que o gol aconteça. Me parece que isso ainda é permitido, certo senhor "juiz"?
Pedro Raul, do Goiás, foi tirado do próximo jogo contra o Botafogo porque tomou amarelo por comemorar um gol com as mãos no ouvido, que aliás, é sua marca registrada. Nada contra ninguém e nem provocação ao adversário. Como estava com dois amarelos está suspenso. O idiota do árbitro relatou que ele ofendeu o adversário ou provocou a torcida adversária. De onde ele tirou isso?
Quando Edílson fez embaixada de cabeça num clássico com o Palmeiras causou uma grande confusão e recebeu amarelo de Paulo César de Oliveira, hoje comentarista da Globo, que na minha opinião, era um bom árbitro. Perguntei ao Paulo César se Edílson fizesse embaixadas com a cabeça e marcasse o gol, se daria o gol ou o expulsaria? Estou esperando a resposta até hoje. Os jogadores do Palmeiras que partiram pra cima dele não foram expulsos. Vanderlei Luxemburgo o cortou da Seleção por causa disso.
Edílson foi provocativo, sim. Sempre se achou mais jogador do que realmente foi, mas era seu jeito de jogar. Para o bem e para o mal. Diante disso o adversário que roubasse a bola dele, fizesse igual ou tocasse a vida em frente. Agora é moda o adversário que toma um drible, um chapéu ou uma jogada de efeito, ficar nervosinho e apelar e os árbitros são complacentes com a violência do jogador grosso que bate e não sabe jogar.
Vai acontecer o dia que o drible, o chapéu, o gol bonito serão proibidos por esses pseudos moralistas esportivos, que são os mesmos que deixam passar coisas mais graves como uma entrada maldosa que tira o jogador de campo por contusão. Raphael Veiga e Guilherme Arana são exemplos disso. O ano acabou para eles e os agressores não foram punidos. Mas isso não afeta a honra dos árbitros, não é? E pelo jeito nem a consciência.
Desculpem o termo chulo, mas o que também me "enche o saco" é essa mania do árbitro ficar orientando jogador a não se agarrar nas jogadas de bola parada, fazer gestos de braços cruzados no peito, ou avisar que pode ficar em impedimento se ficar adiantado nesses mesmos lances. Oras, você não é o "dono" do jogo? Apite o que vê e pare de tentar ser o professor dos caras. Se o jogador não conhece a regra não é você que tem que lembrar atrasando o jogo com banalidades como se fosse um Bedel de escola primária.
Nesse mundo chato, onde tudo parece ser ofensa, os árbitros de futebol estão dando uma bela contribuição para tirar o brilho do espetáculo. Viva e deixe jogar, deixe comemorar e deixe dançar. Cartão vermelho para os árbitros que se acham maior que os jogadores, que o espetáculo e o jogo. Até para ter autoridade é preciso ter coerência e muita cintura.
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