Mano Meneses passou a semana convocando a torcida do Inter para encher o Beira Rio. Ganhar do Palmeiras era uma questão de honra.
Conseguiu.
Foi para a entrevista coletiva com um sorriso no rosto.
Os 3 a 0 aplicados no campeão brasileiro de 2022 inflaram o ego do treinador.
Mesmo que para o Palmeiras de Abel Ferreira o jogo tivesse pouca importância.
Abel, competitivo que é, sonhava em sair do campeonato sem perder fora de casa.
Só isso.
O importante, na visão do técnico do Inter, como o seu comportamento durante a semana mostrou, não era derrotar o campeão brasileiro da temporada.
E, sim, ganhar de Abel Ferreira.
Abel Ferreira, e não só ele, mas todos os treinadores estrangeiros que trabalham no futebol brasileiro, passaram a ser inimigos na avaliação de Mano.
Quando assumiu o comando do Inter, Mano fez críticas ao trabalho de seu antecessor no clube gaúcho, o espanhol Miguel Angel Ramirez.
Quando enfrentou o Flamengo, na estreia de Dorival Júnior, foi flagrado pelas câmeras e áudios dizendo ao seu colega brasileiro que em breve ele colocaria o Flamengo no rumo certo.
“Eu também peguei o Inter bagunçado. Você vai conseguir arrumar o Flamengo”, disse.
Mano sabia que as suas palavras estavam sendo gravadas pelas emissoras de rádio e de televisão.
E que certamente repercutiriam.
Mas o treinador gaúcho não esconde de ninguém que é contra a invasão de treinadores estrangeiros ao nosso país.
E Abel Ferreira é o seu alvo principal.
Claro, por Abel ganhar quase tudo que disputa.
Dói em mano o sucesso que o treinador português do Palmeiras faz no Brasil.
É crítico voraz do comportamento de Abel Ferreira à beira do gramado. Diz sempre que Abel não deixa a arbitragem trabalhar em paz.
Como se ele tivesse comportamento diferente.
O comportamento de Mano Menezes com os árbitros não é nada exemplar.
Talvez ele pense que perturbar a arbitragem com reclamações muitas vezes descabidas e desproporcionais seja privilégio dos “professores” brasileiros.
O fato é que Mano Menezes ficou feliz por ter derrotado o time de Abel Ferreira.
Terminou o ano com a sensação de dever cumprido.
Mesmo que o adversário derrotado pelo time dele no final de semana tenha acumulado títulos na temporada e feito a melhor campanha dos brasileirões das últimas décadas.
Mano não se importa com isso.
Explode de contentamento por ter derrotado o time de seu maior desafeto.
Claro que o treinador português queria manter a invencibilidade fora de casa.
Mas seus jogadores estavam mais preocupados com as férias.
Mas Mano conseguiu o que queria.
Conseguir se sentir maior do que o oponente português.
Wladimir Miranda cobriu duas copas do mundo (90 e 98). Trabalhou nos jornais Gazeta Esportiva, Diário Popular, Jornal da Tarde, Diário do Comércio e também na Agência Estado. Iniciou no jornalismo na Rádio Gazeta. Trabalhou também na TVS, atual SBT. Escreveu dois livros,de grande aceitação no mercado editorial: O artilheiro indomável, as incríveis histórias de Serginho Chulapa e Esconderijos do futebol.
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