Foi um primeiro tempo de domínio incontestável do Fortaleza. Fez um gol, e poderia ter feito mais. Criou chances para isso. E teve dois lances que mereciam pelo menos uma olhada mais atenta do VAR. Dois pênaltis pedidos pelos jogadores do Fortaleza. Cometidos por Gil e Fábio Santos.
Destes, o do Gil, teria de ser marcado.
O Fortaleza jogou os primeiros 30 minutos na Arena corintiana como se estivesse em sua arena.
O Corinthians, mesmo com a força de sua massa de mais de 40 mil torcedores, ficou acuado.
Via, inerte e sem forças para reagir, a equipe do técnico Juan Pablo Vojvoda tocar a bola, com objetividade, e chegar com facilidade nas proximidades do goleiro Cássio.
Faltava objetividade, é verdade, mas a superioridade era tamanha, que a Fiel Torcida sentiu o baque e silenciou.
Vojvoda sentia-se em casa.
Andava de um lado para outro, orientava, aplaudia, fazia o que um treinador que percebe que o seu time faz o que ele treinou e mandou executar, costuma fazer.
Vanderlei Luxemburgo, o técnico corintiano, era a imagem da desolação, da inércia.
Não tinha nem forças para ficar na área técnica reservada para os “professores”.
Passava a maior parte do tempo ao lado de seu auxiliar, Maurício Copertino.
Os dois conversavam ao pé do ouvido.
Conversa inútil.
Percebia-se facilmente que do diálogo entre os dois não iria sair a solução para que o Corinthians evoluísse no gramado.
Durante o período da data Fifa, o que mais se ouviu no CT Joaquim Grava é que os jogadores e todos que frequentam o CT corintiano ficaram decepcionados com o baixo nível dos treinamentos que foram ministrados.
O resultado da precariedade dos métodos de treinos fica claro em campo.
O time do Corinthians não tem intensidade. A movimentação dos jogadores inexiste. Não há jogadas ensaiadas. O time vive dos poucos momentos de lucidez do meia Renato Augusto, em final de carreira e sem condições físicas para ditar o ritmo da equipe.
Quando se levanta para dar instruções, Vanderlei Luxemburgo não mostra nenhuma convicção no que está pedindo aos seus comandados.
O Vanderlei Luxemburgo atuante, assertivo, participativo dos anos de 1990 ficou no passado, na lembrança dos torcedores dos times que ele dirigiu.
O Luxa de hoje tem dificuldade até para sinalizar com os dedos levantados o que ele quer que os seus jogadores façam.
Era o que ele fazia no passado.
Hoje, Luxa, é a imagem da desolação.
O time corintiano atacou um pouco mais no segundo tempo contra o Fortaleza.
Conseguiu o gol do empate, ainda no primeiro tempo, em um lance de contra-ataque, em um dos raros lampejos de Renato Augusto, que deixou Yuri Alberto livre para marcar.
Na realidade, não foi o Corinthians que melhorou.
Foi o Fortaleza que desacelerou.
No jogo de volta, na próxima terça-feira, na Arena Castelão, o time de Vojvoda pode pagar caro pela falta de ousadia.
Tinha o adversário à sua mercê e preferiu decidir em sua casa.
O Corinthians não vai mudar.
Será mais uma vez uma equipe sem ideias, dependendo das poucas condições físicas de Renato Augusto.
Luxemburgo vai continuar inerte, sem ideias e convicções.
O Corinthians vai tentar levar o jogo para a decisão por pênaltis.
Afinal, sabe que Cássio sempre resolve quando a Fiel Torcida clama pela sua presença.
Mas o que é certo e indiscutível é que o velho Luxa hoje é um Luxa velho.
E aqui não se trata de etarismo.
O que está em discussão é a falta de vontade que Luxa mostra de andar com a velocidade dos nossos tempos.
A vaidade o impede de se abrir para novos métodos de treinamentos.
Ele insiste em dizer que o futebol não mudou e que é um técnico atualizado.
Não é.
Basta observar o seu comportamento na beira do gramado e a maneira de atuar de sua equipe para constatar isso.
Wladimir Miranda cobriu duas copas do mundo (90 e 98). Trabalhou nos jornais Gazeta Esportiva, Diário Popular, Jornal da Tarde, Diário do Comércio e também na Agência Estado. Iniciou no jornalismo na Rádio Gazeta. Trabalhou também na TVS, atual SBT. Escreveu dois livros,de grande aceitação no mercado editorial: O artilheiro indomável, as incríveis histórias de Serginho Chulapa e Esconderijos do futebol.
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