Na Copa do Brasil do ano passado, o goleiro Cássio foi agredido na Vila Belmiro. Um insano, imbecil, invadiu o gramado e atingiu o goleiro corintiano com uma voadora.
O imbecil só não fez mais porque o atacante Marcos Leonardo, do Santos, impediu.
O “torcedor” foi identificado.
Está impedido de ver jogos de seu time. O clube foi punido. Atuou um jogo com os portões fechados e teve apenas torcida feminina e de crianças contra o Botafogo de Ribeirão Preto.
A punição foi branda.
O agressor tinha de estar preso.
Invadir o gramado para agredir um jogador que está no exercício de sua profissão é lamentável.
É abominável.
Escrevi isso no dia seguinte ao fato, mostrado pela televisão para o Brasil e o mundo.
Cássio foi vítima de um insano.
Mas, como também escrevi, e muita gente que leu não entendeu, colaborou para o gesto ensandecido do imbecil.
Antes do final da partida, que o Santos derrotou o Corinthians por 1 a 0, placar insuficiente para seguir em frente na Copa do Brasil, pois havia perdido o jogo de ida por 4 a 0, Cássio olhou para os torcedores que o xingavam atrás da meta e os aplaudiu.
Ironicamente, claro.
Nada justifica a agressão.
Mas o goleiro não deveria ter provocado os torcedores.
O gesto impensado de aplaudir ironicamente os torcedores poderia ter sido o estopim de uma grande tragédia.
A vida seguiu.
Após o jogo em que o Corinthians eliminou, nos pênaltis, o Remo pela Copa do Brasil, Cássio foi o líder que levou seus companheiros para um abraço coletivo no técnico Cuca, que assim que terminou o jogo pediu demissão do Corinthians.
Cuca pediu para sair porque não aguentou a pressão de grande parte da torcida corintiana, principalmente das mulheres e, notadamente, do elenco de futebol feminino do clube, que ficaram indignadas com o comandante do time.
Cuca participou de um estupro coletivo à uma menina de 13 anos, em 1987, em Berna, na Suíça, quando era jogador do Grêmio.
Cuca falou muito pouco sobre o assunto, no decorrer de suas carreiras de jogador e posteriormente de técnico.
Também não foi perguntado pela imprensa.
Que preferiu durante todo este tempo ressaltar as suas atuações como jogador e depois as suas conquistas como treinador.
A imprensa, ou grande parte dela, optou por falar sobre as superstições do técnico, deixando de lado, lamentavelmente, um fato, na verdade, um crime, cometido por Cuca e outros três jogadores naquele hotel em Berna.
Sim está provado que Cuca participou de um estupro coletivo.
Ele foi condenado.
Matérias feitas pelo UOL Esporte e confirmadas pela TV Globo mostram que consta no processo sobre o crime que o sêmen de Cuca foi encontrado no corpo de vítima.
Cuca nega.
Cássio prefere defender Cuca com todas as forças.
Não só ele, claro, Roger Guedes e os demais jogadores corintianos também.
Mas Cássio, como capitão e líder do time, deveria ser mais sensato. E procurar se informar para saber realmente o que aconteceu em Berna, antes de dar seu apoio irrestrito ao treinador.
Ao aplaudir ironicamente e, perigosamente, os ensandecidos torcedores santistas na Vila Belmiro, e ao correr para abraçar e levar junto com ele os demais colegas de time no abraço ao Cuca, Cássio mostra que flerta com o perigo.
E com o desrespeito às mulheres.
Péssimos exemplos de um líder.
E, pior, de um capitão.
Wladimir Miranda cobriu duas copas do mundo (90 e 98). Trabalhou nos jornais Gazeta Esportiva, Diário Popular, Jornal da Tarde, Diário do Comércio e também na Agência Estado. Iniciou no jornalismo na Rádio Gazeta. Trabalhou também na TVS, atual SBT. Escreveu dois livros,de grande aceitação no mercado editorial: O artilheiro indomável, as incríveis histórias de Serginho Chulapa e Esconderijos do futebol.
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