“Torcedores organizados” do Santos invadiram o CT Rei Pelé nesta quinta-feira, 2/2, para desabafar pelas más atuações do time no Campeonato Paulista.
A fúria tem antecedentes.
O time do Santos dá vexames seguidos nas últimas três temporadas.
Teve de lutar para não ser rebaixado nas últimas duas edições do Paulistão, ou paulistinha, como prefiro chamar uma competição que é disputada só para manter o intacto o poder da Federação Paulista de Futebol e de todas as federações de futebol do país.
Que, em tempos de futebol globalizado, só existem porque votam para eleger o presidente da CBF de plantão.
Voltando à invasão da “organizada” santista, leio que não houve violência.
Que bom, é para comemorar?
O texto do Uol Esportes diz que o bando entrou no local de trabalho de jogadores e comissão técnica do Santos em um dia útil e conseguiu reunir a comissão técnica, Odair Hellmann, o técnico, entre eles, para uma conversinha, claro, nada agradável.
Depois, ainda segundo o texto do UOL, os “torcedores” saíram do CT Rei Pelé cantando o hino do Santos.
Emocionante, não?
Tenho até vontade de chorar de tanta emoção.
Fossem eles torcedores comuns, normais, certamente estariam trabalhando.
Não trabalham porque vivem da torcida organizada que representam. Seja ela qual for. Um destes “torcedores” de torcida organizada me disse certa vez que sempre que o clube que eles torcem entra em crise, e não vence em campo, a organizada sofre prejuízos financeiros.
Pois que elas, as organizadas, vivem da venda de camisas e, quando o time vai mal, ninguém aparece na sede.
Seja para ficar sócio ou para comprar camisa.
Camisa da torcida organizada, claro.
Não do clube que esta torcida representa. Que deveria ser, claro, a única razão de ala, a organizada, existir.
Mas não é.
Nunca foi.
E nunca será.
O que chama a atenção no texto do UOL é que os “torcedores organizados” impediram, com um carro, que o portão do CT Rei Pelé fosse fechado, para impedir que eles entrassem no local dos profissionais que lá estavam cumprindo a sua obrigação.
O UOL faz questão de informar que não houve violência.
Sim, não houve violência física contra jogadores e integrantes da comissão técnica, como já aconteceu em outras invasões a centros de treinamentos de clubes brasileiros.
Se não houve violência física, houve, sim, invasão de propriedade, pois que, como o próprio texto do UOL informa, os “torcedores” estacionaram um carro na entrada do ct, impedindo assim que o portão fosse fechado.
Invasão de propriedade que tem de ser denunciado pelos dirigentes do Santos.
Os desocupados serão denunciados? Pagarão pela invasão de propriedade?
Quais a s providências que serão tomadas por Andrés Rueda, presidente do Santos? Ele, que vem sendo ameaçado nos últimos dias pelos raivosos “torcedores” vai tomar alguma providência?
Rueda é criticado porque optou por pagar as dívidas do clube. Revoltados, os “torcedores” agora chamam o dirigente de “boleteiro”. Preferiam que ele contratasse jogadores de renome, endividando ainda mais o clube.
Andrés Rueda está pressionado.
Com medo.
O que vai fazer agora, depois da invasão ao CT Rei Pelé?
Vai silenciar?
Ou vai denunciar os invasores?
Wladimir Miranda cobriu duas copas do mundo (90 e 98). Trabalhou nos jornais Gazeta Esportiva, Diário Popular, Jornal da Tarde, Diário do Comércio e também na Agência Estado. Iniciou no jornalismo na Rádio Gazeta. Trabalhou também na TVS, atual SBT. Escreveu dois livros,de grande aceitação no mercado editorial: O artilheiro indomável, as incríveis histórias de Serginho Chulapa e Esconderijos do futebol.
Comments