Contra fatos não há argumentos.
A excepcional fase vivida pelo Palmeiras desde o começo de 2020 tem suscitado uma polêmica questão: terá a equipe de Palestra Itália montado a sua Terceira Academia? Aos mais saudosistas, tal pergunta se equipara a uma afronta – afinal, tecnicamente os jogadores atuais não podem sequer ser considerados sombras dos inesquecíveis craques que formaram os dois memoráveis esquadrões, eternizados com toda a justiça na história do clube. Já para aqueles que são mais factuais, os times das duas últimas temporadas e o que começa esta merecem, sim, ser classificados da mesma forma, pois as taças que já levantaram falam por si sós.
Resolvi meter a minha colher neste embate. Confesso que, inicialmente, estava meio que arredio a admitir o surgimento da Terceira Academia pois, como historiador do clube, obviamente faço parte do grupo apegado ao passado. Até porque, cá entre nós, por melhor que seja o Verdão de hoje ele não conta com Valdir de Moraes; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina (ou Minuca) e Ferrari; Zequinha (ou Dudu) e Ademir da Guia; Julinho Botelho (ou Tupãzinho), Servílio, Vavá (ou César Maluco) e Rinaldo (ou Ademar Pantera). Da mesma forma, não tem a equipe comandada por Abel Ferreira nomes como Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo Mostarda e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César Maluco e Nei.
Ocorre, porém, que há um outro lado nesta história: o das conquistas. E é aí que toda a situação muda de figura.
A Primeira Academia durou de 1963 a 1969. Nestes sete anos, conquistou 12 títulos e, destes, seis foram importantes: os Campeonatos Paulistas de 1963 e 1966, o Torneio Rio-São Paulo de 1965, e o Campeonatos Brasileiros de 1967 (duas vezes) e 1969. Já a Segunda Academia se fez presente de 1972 a 1975 e, nos quatro anos em que encantou o País, ganhou oito campeonatos, quatro deles de muito destaque: os Paulistões de 1972 e 1974 e os Brasileirões de 1972 e 1973.
Já os números da equipe atual são bem mais expressivos: de 2020 até agora, o Palmeiras levantou nada menos do 10 taças, e com o detalhe de que nove delas – isso mesmo: nove delas! – são históricas: Paulista, Libertadores e Copa do Brasil de 2020; Libertadores de 2021; Recopa Sul-Americana, Paulista e Brasileiro de 2022; e, por enquanto, Supercopa do Brasil e Paulista de 2023.
Em outras palavras: enquanto a Primeira Academia faturou incrível 0,85 título expressivo por ano de vida e a Segunda Academia obteve “apenas” 0,50 conquista importante enquanto durou, a equipe atual do Verdão tem uma excepcional média de 0,90 taça histórica desde que teve início.
Se ela não é a Terceira Academia então não sei que nome pode receber.
Márcio Trevisan é jornalista esportivo há 34 anos. Escritor com cinco livros publicados, começou no extinto jornal A Gazeta Esportiva, onde atuou por 12 anos. Editou várias revistas, esteve à frente de vários sites, fez parte de mesas redondas na TV e foi assessor de Imprensa da S. E. Palmeiras e do SAFESP. Há 17 anos iniciou suas atividades como Apresentador, Mestre de Cerimônias e Celebrante, tendo mais de 450 eventos em seu currículo. Hoje, mantém os sites www.senhorpalmeiras.com.br e www.marciotrevisan.com.br. Contatos diretos com o colunista podem ser feitos pelo endereço eletrônico apresentador@marciotrevisan.com.br
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