“Qual é a importância de ser campeão paulista?”
Certa vez, ainda em meus tempos de repórter do saudoso e inesquecível jornal A Gazeta Esportiva, recebi das mãos de meu chefe de reportagem, Osvaldo dos Santos, uma pauta que se resumia à pergunta que abre a coluna desta semana. Minha missão era fazê-la a cada um dos presidentes (ou ao dirigente de maior patente) dos 20 clubes que, naquele ano, disputariam o Paulistão.
Obviamente, quando dirigida a alguém ligado a uma pequena equipe interiorana, a resposta era sempre algo como “gigantesca”, “essencial”, “divisora de águas”, “inesquecível” e que tais. Mas, quando direcionada a um diretor de um grande clube, o máximo que se ouvia eram palavras tipo “grande”, “vale pela rivalidade”, “sempre é bom vencer”, e por aí vai.
Houve um destes, porém, que me respondeu esta pergunta com uma frase que jamais esqueci: “Campeonato Paulista é uma competição que, se você ganha, não fez mais do que sua obrigação, mas que se você perde ganha uma dor de cabeça daquelas”. Prefiro preservar o nome e o enorme clube do entrevistado em questão por uma questão de ética, mas o fato é que ele disse uma grande verdade.
Por sinal, o Palmeiras sentirá na pele exatamente esta situação. Classificado para as finais do Paulistão deste ano e tendo pela frente o pra lá de humilde Água Santa, a responsabilidade é toda alviverde. Não existe nem mesmo campo para qualquer tipo de comparação entre os dois times, já que um é o maior campeão da história do futebol brasileiro e o outra disputava, até poucos anos atrás, campeonatos varzeanos. Isso, claro, sem que falemos no orçamento mensal de ambos os clubes: seria como se eu ou você quiséssemos comparar nossos saldos bancários com o do Sílvio Santos, por exemplo.
A sorte do atual campeão paulista, brasileiro e da Supercopa do Brasil é que, além de ter uma equipe infinitamente superior à do pequeno clube de Diadema/SP, ainda por cima jogará ambas as partidas finais tendo sua imensa torcida tomando quase todos os espaços. No primeiro jogo, dia 2 de abril, em local ainda a ser definido (mas que possivelmente será o Morumbi ou, mais provável ainda, o Itaquerão), estima-se que, no mínimo, cerca de 90% dos torcedores presentes serão palmeirenses. Já na partida decisiva, uma semana mais tarde, na Arena Palestra Itália, este percentual poderá ser ainda maior, sobretudo se os comandados de Abel Ferreira conseguirem uma vitória na primeira partida.
Viram? Tudo, absolutamente tudo, conspira a favor do time de Veiga, Dudu, Rony e seus amigos.
E é por isso que qualquer outro resultado que não seja a conquista do seu 25º título estadual será considerado o maior mico da mais do que centenária e vitoriosa história do Palmeiras. Maior até mesmo do que a perda da taça em 1986, para a Inter de Limeira, jogando duas vezes no Cícero Pompeu de Toledo, ou do que os dois rebaixamentos à Série B do Brasileirão, em 2022 e 2012.
Entenderam, agora, o título desta coluna?
Márcio Trevisan é jornalista esportivo há 34 anos. Escritor com cinco livros publicados, começou no extinto jornal A Gazeta Esportiva, onde atuou por 12 anos. Editou várias revistas, esteve à frente de vários sites, fez parte de mesas redondas na TV e foi assessor de Imprensa da S. E. Palmeiras e do SAFESP. Há 17 anos iniciou suas atividades como Apresentador, Mestre de Cerimônias e Celebrante, tendo mais de 450 eventos em seu currículo. Hoje, mantém os sites www.senhorpalmeiras.com.br e www.marciotrevisan.com.br. Contatos diretos com o colunista podem ser feitos pelo endereço eletrônico apresentador@marciotrevisan.com.br
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