Eu não acredito no futebol brasileiro.
Não me refiro, claro, ao que acontece dentro das quatro linhas, pois embora não aconteça mais com a mesma naturalidade e a mesma quantidade de antigamente, ainda revelamos grandes jogadores e, vez ou outra, até mesmo um craque. Falo do que se dá nos bastidores, nos tribunais, nas salas fechadas onde todo tipo de pilantragem é orquestrado e, infelizmente, não raro também colocado em prática. E o pior é que, mesmo quando descoberto, o esquema – seja ele qual for – acaba quase sempre na mais plena impunidade.
Você já percebeu que o tema da coluna desta semana são as tais apostas que vêm manchando a bola nacional nas últimas semanas. Vagabundos que se dizem jogadores de futebol têm, segundo apurações, vendido cartões amarelos, pênaltis, expulsões e sabe lá Deus o que mais em troca de dinheiro. E aí não interessam os valores: ladrão é ladrão, tanto o que rouba uma carteira ou um celular quanto o que rouba o dinheiro público (e nem sempre vai pra cadeia).
Neste momento, em que todas as atenções estão voltadas ao tema, há quem acredite que a punição será dura para quem tiver participado desta sujeira. Mas eu não acredito, não. No máximo, um ou outro safado perderá o direito de jogar futebol profissionalmente, mas a maioria receberá punições leves e poderá continuar com suas carreiras (caso, claro, haja algum clube idiota o suficiente para contratar os que tais – e sempre os há). Só que os aliciadores e o intermediários da ação, que são tão ou ainda mais culpados do que os agentes da ação, dificilmente verão o Sol nascer quadrado.
E sabe por quê? Porque no Brasil, como todo mundo sabe, só vai pra cadeia (e nela permanece pelo tempo que deve permanecer) pobre, preto e puta.
Márcio Trevisan é jornalista esportivo há 34 anos. Escritor com cinco livros publicados, começou no extinto jornal A Gazeta Esportiva, onde atuou por 12 anos. Editou várias revistas, esteve à frente de vários sites, fez parte de mesas redondas na TV e foi assessor de Imprensa da S. E. Palmeiras e do SAFESP. Há 17 anos iniciou suas atividades como Apresentador, Mestre de Cerimônias e Celebrante, tendo mais de 450 eventos em seu currículo. Hoje, mantém os sites www.senhorpalmeiras.com.br e www.marciotrevisan.com.br. Contatos diretos com o colunista podem ser feitos pelo endereço eletrônico apresentador@marciotrevisan.com.br.
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